A ergonomia cognitiva — um dos três pilares da ergonomia, ao lado da fÃsica e da organizacional — estuda como os processos mentais, como a percepção, a memória e o raciocÃnio, interagem com os elementos do sistema. Nesse contexto, a cor não é apenas estética, mas um dado sensorial que o cérebro processa incessantemente, influenciando o desempenho.
A neuroarquitetura comprova que a exposição a certas cores pode alterar o nosso ritmo circadiano, a produção de hormônios e, consequentemente, os nossos nÃveis de alerta e relaxamento. Um ambiente com as cores certas é, portanto, um ambiente que apoia a saúde mental e fÃsica a longo prazo. Entenda mais a seguir!
Custo invisÃvel da fadiga visual
Quando as cores da decoração de um ambiente são mal escolhidas, elas podem impor um “custo” ao sistema nervoso. Cores altamente saturadas ou contrastes muito fortes e extensos, como uma parede vermelha em um campo de visão constante, exigem um esforço extra dos olhos.¹
Por exemplo, a funcionalidade do Sistema de Mesas OE1 Micro Pack, com seus tampos em cores neutras como cinza ou off-white, demonstra a primeira regra da ergonomia visual: a base (60% da paleta) deve ser neutra para reduzir o ruÃdo visual e permitir o descanso dos olhos.
A ergonomia das cores busca o equilÃbrio, utilizando paletas que são restauradoras para a visão e calmantes para o sistema nervoso.
Paletas para o desempenho: o guia estratégico das cores
Não existe uma cor “certa” universal para o escritório. Existe a cor apropriada para a função daquele espaço ou para a natureza da tarefa a ser executada. Para aplicar o design de forma resolutiva, é preciso entender o efeito psicológico de cada tonalidade. Exemplificamos a seguir algumas opções:
1. Azul: a tonalidade da concentração analÃtica
Considerado ergonomia e cores, a cor da mente e da tranquilidade, o azul, especialmente em seus tons mais suaves, é o campeão para ambientes que exigem foco sustentado e clareza mental.
Ele tem um efeito calmante que não é sedativo, sendo ideal para estações de trabalho, salas de reunião para tomadas de decisão complexas e debates lógicos ou áreas de estudo em home office, onde a estabilidade e a redução de erros são primordiais.

2. Verde: o equilÃbrio da restauração e da biofilia
O verde é, indiscutivelmente, a cor mais restauradora para o olho humano, pois ele está no centro do espectro visÃvel. A nossa afinidade inata com o verde é explicada pelo conceito de biofilia, que reconhece a necessidade humana de conexão com a natureza.²
Em um escritório, o verde promove a redução da tensão ocular, pois a fadiga diminui rapidamente ao olhar para essa cor, e um sentimento de segurança e estabilidade, já que tons de musgo ou floresta trazem a sensação de refúgio e equilÃbrio.
É perfeito para áreas de descompressão ou para compor a paleta base de um escritório com toques de madeira, alinhando-se perfeitamente com a busca por ambientes mais calmos e produtivos.

3. Amarelo e laranja: o toque estratégico da criatividade e da comunicação
Essas cores são estimulantes, mas precisam ser usadas com moderação. O amarelo evoca o intelecto, o otimismo e a energia, sendo um potente catalisador da criatividade. Já o laranja estimula a socialização e o entusiasmo, sendo a cor ideal para comunicação e colaboração.
O amarelo é excelente para salas de brainstorming, onde a faÃsca da ideia precisa ser acesa. O laranja, por sua vez, é ideal para copas, áreas de convivência ou salas de projetos que dependem de intensa interação. Em excesso, contudo, podem gerar ansiedade e distração, por isso, devem ser reservadas para os 10% de acento cromático, garantindo o toque moderno e criativo sem comprometer o foco.

Aplique a regra 60-30-10 no design ergonômico
A aplicação da cor no ambiente de trabalho deve seguir uma hierarquia visual para garantir harmonia e funcionalidade. Designers e arquitetos utilizam a regra 60-30-10 como um guia infalÃvel para equilibrar a paleta cromática, controlando a intensidade do estÃmulo visual. Entenda!
60%: a base neutra da estabilidade
A cor dominante, que ocupa cerca de 60% do espaço, deve ser neutra, clara e relaxante (brancos suaves, beges, cinzas-claros). Ela atua como a tela em branco, o plano de fundo que permite o descanso visual e a máxima flexibilidade.
Você deve aplicá-la em paredes, pisos, tetos e grandes peças de mobiliário fixo, como tampos de mesas e superfÃcies de arquivamento. A sua função ergonômica é reduzir o ruÃdo visual e permitir que as outras cores atuem com eficácia, sem sobrecarregar o sistema nervoso.

30%: a cor secundária de contraste e profundidade
Esta cor é responsável por cerca de 30% da paleta e deve complementar a cor dominante, adicionando profundidade e personalidade. É aqui que os tons médios e mais saturados podem entrar, sendo usados em tapetes, estofados de sofás, cortinas, paredes de destaque ou cadeiras ergonômicas de cores sólidas, como o verde musgo ou o azul-petróleo.
A sua função ergonômica é criar zonas visuais e guiar o olhar pelo ambiente, suportando a cor de destaque.

10%: o toque vital de estÃmulo e personalidade
A cor de acento, que ocupa os 10% restantes, é o toque final, a inserção de energia e a personalização do espaço. Ela deve ser a cor mais vibrante ou a que evoca um sentimento especÃfico, aplicada em peças de arte, objetos decorativos, luminárias de design ou acessórios de mesa.
A sua função ergonômica é estimular a criatividade e o estado de alerta em pontos focais, evitando que o ambiente se torne monótono sem causar saturação.
Iluminação: o amplificador silencioso da ergonomia cromática
Não se pode falar de cor sem falar de iluminação. A luz natural e artificial são os verdadeiros amplificadores da cor. Uma mesma tonalidade de tinta pode parecer fria ou quente, apagada ou vibrante, dependendo da fonte de luz.
A iluminação natural é fundamental para a ergonomia, pois ajuda a regular nossas metas de qualidade do nosso estilo de vida sustentável, melhorando o sono e, consequentemente, a concentração. Ela potencializa as cores neutras e biofÃlicas, fazendo com que os verdes e azuis pareçam mais vÃvidos e restauradores. Para quem trabalha em home office, posicionar a mesa para maximizar a luz natural é um ato ergonômico.
A luz artificial é medida em Kelvin (K), que indica sua “temperatura”. A luz fria (acima de 5000K), semelhante à luz do dia, aumenta o alerta e a concentração, sendo ideal para áreas de trabalho intensivo. Já a luz quente (abaixo de 3000K), amarelada, promove relaxamento e conforto, sendo ideal para áreas de descompressão ou lounges.³
A combinação estratégica da temperatura da luz com a cor da superfÃcie é o ápice da ergonomia: utilize uma luz mais fria em paredes azuis para tarefas analÃticas e uma luz mais quente em paredes verdes para criar um refúgio acolhedor.
Transforme seu espaço para mais produtividade
A sabedoria da cor ganha vida quando aplicada de forma intencional em diferentes áreas de um escritório ou home office sofisticado.
Escritório executivo de foco e decisão
Para pessoas que valorizam a precisão e a estabilidade, o escritório deve exalar confiança. A base (60%) deve ser o cinza-claro nas paredes e branco no teto, criando uma tela de sobriedade. A cor secundária (30%) pode vir da madeira escura (marrom) na mesa e no painel de fundo, adicionando o toque biofÃlico de solidez.
O acento (10%) fica nos detalhes de cores profundas no estofado da cadeira de alta performance, como o acabamento grafite da Cadeira Aeron, e em uma peça de arte minimalista, estimulando a clareza mental sem excitação.
O estúdio criativo e colaborativo de design
Para rotinas que exigem dinamismo e networking, o espaço deve ser inspirador, mas funcional. A base (60%) deve ser branco ou off-white para refletir a luz e ampliar o espaço, essencial para uma arquiteta. A cor secundária (30%) pode ser composta por tons de verde menta ou azul-claro em uma parede de destaque, promovendo a calma restauradora. O acento (10%) é o amarelo vibrante em pequenos acessórios de design ou em uma luminária icônica, acendendo a criatividade de forma controlada.
A Herman Miller convida você a olhar para a ergonomia e cores não como um mero acabamento, mas como uma extensão fundamental do seu trabalho. O design de excelência é aquele que cuida do corpo e da mente no ambiente. É a união da alta tecnologia de nossos produtos com a sabedoria da cor que cria espaços extraordinários.
Continue entendendo sobre o assunto em nosso post sobre os principais estilos de decoração e descubra quais elementos podem impactar a sua rotina!
Referências:
- AL-AYASH, M. A. et al. The influence of office colors on employee mood and productivity. Buildings (MDPI), v. 13, n. 5, p. 1283, 2023. Acesso em: 18 set. 2025.
- LIN, Y. et al. Effects of correlated colour temperature of ambient lighting on visual performance and subjective assessments. Lighting Research & Technology, v. 50, n. 7, p. 1077-1090, 2018. Acesso em: 18 set. 2025.
- MORTEZA, K. D. M. et al. Color and psychological functions: A review of cross-cultural research. Color Research & Application, v. 46, n. 2, p. 240-257, 2021. Acesso em: 18 set. 2025.